Os noticiários de rádio e televisão de Natal continuam dando cobertura ao acidente com fogos de artifícios por ocasião do encerramanto da Festa da Padroeira.
O Laudo do Corpo de Bombeiros deve ser divulgado nesta sexta feira, conforme noticia o jornal Tribuna do Norte, que informa também na edição de hoje, o estado de saúde de alguns pacientes internados no Hospital Walfredo Gurgel. Publicamos na íntegra a matéria.
"Laudo de explosão fica pronto hoje
Elisa ElsieRoseane Felipe da Silva é uma das vítimas liberadas ontem
Ontem, o subcomandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Gervásio Bentes, antecipou que a empresa IM Pinheiro, de São José do Mipibu, que vence sucessivas licitações para organizar festas na cidade desde o começo do ano passado, não está habilitada a organizar shows pirotécnicos.“Trata-se de uma microempresa regularizada, com CNPJ, mas que não tem registro na Delegacia de Armas e Munições (e, portanto, não é do ramo de eventos pirotécnicos), não dispõe de pessoal qualificado para o serviço, não apresentou projeto prévio contra incêndio, bem como não dispunha das Anotações de Responsabilidade Técnica (ART’s) exigidas”, declarou o coronel.
Segundo ele, os resultados do laudo concluído hoje serão apresentados durante entrevista coletiva a ser convocada pelo comandante geral do Corpo de Bombeiros, coronel Cristiano Bezerril da Silva.
A conclusão da perícia é uma peça fundamental para a responsabilização criminal pelo acidente durante a realização da festa da padroeira de Boa Saúde, um evento que registra o comparecimento médio de 15 mil pessoas.
Ontem, em Natal, a prefeita de Boa Saúde, Maria Edice Francisco e Félix, disse à TRIBUNA estar aguardando ansiosamente as conclusões do laudo do Corpo de Bombeiros, ao sugerir que ela pessoalmente ainda têm dúvidas quanto à origem do acidente.
“Durante a festa, há muitos pagadores de promessas disparando rojões e é preciso que se apure bem o que pode ter provocado ferimentos nas pessoas”, afirmou.
A prefeita assegurou que toda a documentação sobre a empresa responsável pela festa já havia sido entregue na manhã de ontem ao Corpo de Bombeiros. Mas essa informação foi negada pelo coronel Gervásio Bentes. “Até agora (16 horas de ontem) não recebemos absolutamente nada da Prefeitura de Boa Saúde”, afirmou.
A prefeita admitiu que chegou a oficiar o Corpo de Bombeiro para que desse apoio durante a procissão religiosa, mas que em nenhum momento se preocupou em comunicar a corporação sobre o show pirotécnico. “Pensei que essa fosse atribuição da empresa organizadora”, disse.
A empresa responsável pela organização do show de fogos foi a mesma contratada pela Prefeitura de Boa Saúde para realizar o Reveillon na cidade e a festa de 56 anos do município, comemorada no último dia 11 de dezembro. A festa da padroeira, como explicou a prefeita, é uma tradição que remonta há 132 anos, quando o município era a Vila de Boa Saúde.
Caso de agricultora ainda requer cuidados especiais
Quatro pessoas ainda estão internadas no Hospital Estadual Walfredo Gurgel em decorrência do acidente com fogos de artifício durante a festa da padroeira na de Boa Saúde. O estado mais grave é o da agricultora Patrícia da Rocha, 34 anos, que teve quase 100% do corpo queimado. Ela ainda corre risco de morte.
Patrícia da Rocha está internada no Centro de Tratamento para Queimados (CTQ) e está consciente. “Sentia muita dor, falava que ia morrer”, afirmou ela, que agora, devido aos analgésicos, sente apenas um desconforto na perna direita. “O quadro dela ainda requer cuidados. Devido as queimaduras, ela pode desenvolver infecções renais, respiratórias. Os próximos 15 dias serão decisivos”, afirmou o médico cirurgião plástico do HWG, Américo Martins.
Além da Patrícia, também está internado no CTQ o jovem Igor Rodrigues, de 10 anos. Ele teve queimadura nas costas, no tórax e na cabeça. Na noite de quarta-feira teve febre em decorrência das queimaduras, mas se recupera bem. Ele deve ser liberado em duas semanas. Maria das Dores, avó de Igor, foi levada ao CTQ ontem. Antes, ela estava no Centro de Recuperação Pós-Operatório (CRO), pois havia passado por cirurgia devido à fratura exposta que teve nas duas pernas. “Ela também teve queimaduras no abdômen e no tórax”, contou Américo Martins.
Ailson Gomes da Silva está em situação melhor. Ele já foi levado para a enfermaria, mas ainda se recupera de uma fratura na perna direita e de queimaduras. Ailson é filho de Terezinha Alves da Silva Gomes, de 70 anos, que foi liberada ontem após ter ferimentos na perna, nas costas e na nuca. Ela havia participado da procissão no final da tarde e estava na praça para visitar o filho. “Estava falando com ele quando houve a explosão. Pensei que não ia escapar, sangrava muito”, afirmou a senhora Terezinha, sentada em uma cadeira de rodas e com a perna enfaixada, enquanto esperava em frente ao HWG a chegada do carro que a levaria de volta para Boa Saúde.
Vizinho a ela, também liberada pelos médicos, estava Roseane Felipe da Silva, de 24 anos. Ela é da cidade de Serrinha e tinha ido a Boa Saúde apenas participar dos festejos da padroeira. “Foi tudo muito rápido. Estava com meu filho de um ano e quatro meses nos braços e quando vi já estava no chão, com a perna toda cortada”, afirmou a mulher, que ainda tem problemas auditivos com o ouvido direito, devido a explosão. O filho dela sofreu um corte na perna e já foi liberado".