O jornal DIÀRIO DE NATAL, edição de 10 de fevereiro de 2010, sobre a explosão no encerramento da festa da padroeira de Boa Saúde, publicou a seguinte matéria:
"Laudo não esclarece acidente com fogos
Investigação dos bombeiros sobre explosão em Boa Saúde aponta mais de uma possibilidade
Paulo de Sousa // jpaulosousa.rn@dabr.com.br
A falha no equipamento usado na queima de fogos ou o descuido do profissional responsável são apontados pelo Corpo de Bombeiros como prováveis causas para o acidente que feriu 34 pessoas durante um espetáculo pirotécnico na festa da padroeira de Boa Saúde, cidade a 63km de Natal, no último dia 2. Segundo o comandante da corporação, o coronel Bombeiro Claúdio Christian, o laudo sobre o acidente, divulgado ontem, indica que pode ter havido pouca carga para disparo do morteiro, uma explosão do tubo de lançamento ou ainda a demora na detonação no rojão, como também o uso de calibres diferentes e material reutilizado pela empresa pirotécnica.
O comandante explica que a vistoria feita no local do acidente mostrou que havia morteiros de vários calibres, entre duas, três ou cinco polegadas. Somente isso pode ter dificultado o controle da queima dos fogos. "Houve a imperícia do técnico ao utilizar esse material". Também foi verificado que existia tubos de detonação de cinco polegadas danificados, o que pode indicar que eles explodiram durante à queima. "Isso pode acontecer após várias utilizações do mesmo tubo, causando desgaste do material". Esse detalhe pode indicar que houve uma explosão acidental da bomba dentro do tubo. Outros detalhes importantes notados na inspeção, segundo o coronel, foi a falta da distância mínima de segurança e de uma estrutura básica de fixação dos morteiros.Cláudio Christian revela também que, a partir da verificação de um buraco em frente ao quiosque onde teria ocorrido o acidente, a explosão dos fogos de artifício ocorreu quando eles tocaram o solo. Isso pode indicar que a espoleta usada nesse morteiro tinha elevado tempo de detonação. O laudo levanta ainda a hipótese de que houve carga insuficiente de pólvora para a impulsão do rojão.O coronel ressalta ainda que não foi apresentada pela empresa o certificado do profissional de blaster, que é o técnico treinado para planejar e operar a queima de fogos. "A presença desse profissional é necessária para a execução do espetáculo pirotécnico, pois nesse tipo de atividade de risco, é importante saber o que se está fazendo. Não é simplesmente chegar de qualquer jeito e fazer, sem conhecimento". O comandante do Corpo de Bomebeiros lembra também que é necessária a conclão do laudo pericial do Instituto Técnico Científico de Polícia (Itep) para apontar a real causa do acidente.O acidenteO acidente em Boa Saúde ocorreu por volta das 20h30 do último dia 2, durante uma queima de fogos no encerramento das festividades padroeira da cidade. Segundo o Coronel Francisco Reinaldo Lima, comandante do Comando de Policiamento do Interior, um dos fogos de artifício teria desviado o percurso e caído sobre um quiosque e explodiu no chão. Ao todo, 22 foram socorridas no Hospital Municipal Dr. Januário Cicco, enquanto que 12 outras foram levadas para o Pronto Socorro Clóvis Sarinho, em Natal, sendo quatro delas em estado grave".