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Saturday, October 21, 2006

A MORTE DA CASA VELHA

A MORTE DA CASA VELHA
(À memória dos meus avós maternos Cirilo e Elvira, na cidade de Boa Saúde)

Na cidade onde nasci, na rua da minha meninice, na esquina
das travessuras infantis e no quintal vede de lembranças vivas,
eu vi, vivi e hoje revivo a casa de meus avós maternos.
Toda em taipa e barro, a velha casa do século passado,
sempre se constituiu em monumento à história da família
e à paisagem urbana. Mas foi o tempo, foram-se todos.
Alguns para a vida, outros para a morte... e tudo virou saudade.
Restou como marco dessa trajetória, a casa, a velha casa, que
um dia nos reuniu e nos viu dispersar. Insensíveis à dor das casas
abandonadas já que, segundo os poetas, elas possuem vida,
não tivemos olhos para as lágrimas que rolam nos beirais
em dias de chuva. Fechamos também os ouvidos ao
ranger corrosivo de ripas e caibros, vergados ao peso
da ingratidão. O Poder Público também não deu atenção
aos gritos desesperados de socorro, que clamavam
por tombamento. Martirizada pelo descaso da cidade
e das pessoas a quem amou, a velha casa matou-se de desgosto.
Desabou sobre si própria uma noite calma e fria de julho.
Suicidou-se a velha casa como vingança, para viver, agora e sempre,
na imorredoura saudade de nossa ingratidão, cheia de remorso.
Nizardo Medeiros


Caro Alaí.
Você foi o primeiro a defender o tombamento da velha casa do sêo Cirilo e Dona Elvira. Uma pena que sua voz não foi ouvida por ninguém. A velha casa vingou-se de todos. Os meus versos, perpassados de prosa, são um choro tardio... estéril.
Mudo de assunto para parabenizá-lo, a você e a sua amada Eri, pelo trabalho da Pastoral da Criança. O casal e demais pessoas envolvidas trituram grãos para alimentar o futuro com sementes de amor. Acho que Boa Saúde não poderia negar a força política que o seu idealismo merece. Ah, louvo também o Jornal da Cidadania, outro esforço da sua boa vontade. Ele informa, formando, coisa rara na imprensa de hoje.
Sinceramente, Nizardo.